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domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Conto dos Sonhos - Parte II - Piano

Oi genteee!! Hoje vou postar mais um conto da minha coletânea, embora esse não tenha sido um sonho. É só um conto mesmo, um delírio da minha mente insana. Bem, sinceramente, eu gostei mais desse do que do primeiro conto. xD
Espero que vocês também gostem dele. =DD


Piano




Minha avó tinha um piano. Bem velho, devia ter mais de séculos de idade. Herdara de sua bisavó, que o tinha ganhado quando seus patrões, donos do piano, faleceram tragicamente em uma batida de trens. Todos os seus bens, que eram muitos, foram distribuídos para as pessoas que trabalhavam na casa e para outras da comunidade. A bisavó de minha avó era empregada do casal. Isso foi decisão da Justiça, já que o casal não tinha filhos nem familiares.
E o belo piano repousava no canto da sala, inútil. Ninguém sabia tocar. Meu avô já tinha desistido há muito de insistir em vendê-lo. Minha avó achava-o lindo, e dizia ser a única coisa valiosa que tinham. Não queria se livrar dele.
Quando eu ia visitá-la nas férias, aquele monumento me chamava a atenção. Austero, robusto, fino. Se impunha sobre os outros objetos. Uma verdadeira obra de arte. Observava-o, admirada; mas não ousava encostar nele. Não ousava sequer chegar muito perto dele. Minha avó lustrava-o uma vez por semana, tentando mantê-lo belo e conservado. Minha presença atrapalharia o brilho que ele emanava. Além do mais, sua luz ofuscaria minha visão.
Apesar de toda essa admiração que eu tinha pelo objeto, não conseguia ficar na sala de minha avó durante a noite. A figura bela que eu via e admirava de dia, me apavorava à noite. Tornava-se um monstro horrendo, escuro e faminto à espreita. A ideia de vê-lo após o pôr do sol congelava meu coração. Mas de dia esquecia-me de tudo, e ao romper da aurora corria a vê-lo, sorridente, ainda de camisola.
Tudo sumia; e ele voltava a ser belo e orgulhoso. Como sempre fora.
E assim ia minha rotina de férias. Um pouco melancólica, para ser franca. Foi aí que numa noite bonita, cheia de estrelas e com a lua grande e amarelada eu acordei. Ouvia o badalar de um relógio, daqueles de pêndulo, bem grandes. Era meia-noite. Também escutava uma música muito bonita, porém triste.
Fiquei em transe durante alguns minutos, entorpecida pelo som suave e delicioso do piano.
Ah, o piano da sala. Jamais havia escutado sinfonia tão perfeita. Cada nota levava-me para um canto de minh'alma, e viajava comigo entre as nuvens brancas.
Levantei-me tal qual um sonâmbulo e fui até a sala hipnotizada pela melodia mágica. E lá jazia o piano, magnífico e em silêncio. Mas a música continuava, e me convidava a sentar no banco de veludo vermelho em frente a ele. E assim o fiz; Abri-o e vi as teclas, também brilhantes. E eu toquei. Toquei a bela sinfonia dos meus sonhos, sem antes jamais tê-la ouvido. Sem antes jamais ter tocado algum instrumento musical em minha vida.
A música começou a ficar mais agressiva; sem entender o motivo, comecei a chorar. Não, comecei a me debulhar em lágrimas. Com cada vez mais força apertava as teclas. Meus soluços se confundiam com a melodia, transformando-a num lamento desesperado e furioso.
Meus pais e meus avós vieram à sala checar o barulho e impressionaram-se com o escândalo. Lembro-me apenas de minha mãe gritando meu nome, distante. Não conseguia me controlar; só chorava e me debatia tocando o piano. Suas cordas então começaram a se arrebentar, sua tampa caiu. Então, numa fúria descontrolada e insana, atirei-lhe o banco em que eu me sentara. O instrumento caiu em chamas, que faiscavam destruindo pouco a pouco mais de duzentos anos de história.
Ainda em meu sonho hipnótico, vi luzes se afastarem do piano. Luzes que sorriam para mim. Luzes agora livres. Fantasmas soltos para o Eterno.
Caí de joelhos, minha mãe então veio me amparar. O piano ainda queimava, e meu pai e meu avô tentavam conter as chamas. Inútil. O objeto virara cinzas e pó. E nenhum outro móvel ou o chão de taco ficou marcado pelo incêndio. Apenas ele, o grande, forte e magnífico piano secular se fora. Para sempre.

-x-x-x-x-x-x-x-x-


Então, mereço comentários??

5 comentários:

  1. Realmente. Poe achou que estávamos órfãos e pediu pra Deus mandar uma substituta pra ele. E tu não decepciona!

    (Claro que o Poe é melhorzinho. Eu tou falando isso pra tu não se achar =D)

    O conto é ótimo, realmente. E, o que é raro por aí, sem UM errinho de português.

    Eu gostei mais desse do que do outro, até porque essa história agora é inventada, o que a torna ainda mais saborosa. E com final, claro =D

    Resumindo, adogay. Continua escrevendo!

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  2. Muito bom, interessante de várias formas... de sentido subjetivo ou inexistente.
    Fonte imaginativa ainda... muito bom mesmo.

    Gostei. Espero que escrevas mais.

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  3. Eu adorei *------*

    Também gostei do comment da Eli-chan sobre o Poe, ele é o meu escritor favorito

    E realmente esse conto é melhor que o outro, apesar do outro também ter sido ótimo

    Não sei porque eu tenho tara por pianos, eu adoro ver um e agora li uma fic sobre um

    Eu te amo e tu sabe disso né? *--*

    Continua essa coletânea, to adorando, não, to amando

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  4. Simplesmente magnifico!
    Quando li a primeira vez tive a necessidade de ler e reler novamente para assimilar todas as palavras, todos os pensamentos, todos os demais desejos de ter sido uma história real... Acho-o fabuloso. Parabéns :D
    SX Nogueira

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  5. Mano, não acredito que encontrei alguém que gosta de HiDei, OMG OMG OMG OMG! HUAHUAH Estou tãaaaao feliz! HUAHUH Qtau fazer mais uma fic deles, hein, hein, hein? :3

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